domingo, 6 de junho de 2010

ao que eles dizem,




Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. 
O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. 
Faço paisagens com o que sinto.


(...) 


De resto, com que posso contar comigo? 
Uma acuidade horrível das sensações, 
e a compreensão profunda de estar sentindo...
Uma inteligência aguda para me destruir, 
e um poder de sonho sôfrego de me entreter...
Uma vontade morta e uma reflexão que a embala (...)


Escrevo, triste, no meu quarto quieto, sozinho como sempre tenho sido, sozinho como sempre serei. 
E penso se a minha voz, aparentemente tão pouca coisa, 
não encarna a substância de milhares de vozes, 
a fome de dizerem-se de milhares de vidas, 
a paciência de milhões de almas submissas como a minha ao destino quotidiano, ao sonho inútil, à esperança sem vestígios. 
Nestes momentos meu coração pulsa mais alto por minha consciência dele.
Vivo mais porque vivo maior.




verdadeiro cadáver não é o corpo [...], mas aquilo que deixou de viver. [...]


Fernando Pessoa




Leio em todos lugares fragmentos da vida, de uma, de tantas.
 e percebi com o tempo, 
que o sofrer, é da alma, 
e já persegue a tempos, tempos a tras.
e ao que eles me dizem, quase nada faz sentido.
se tudo fizesse, 
não a haveria o porque de tantas palavras.


eu busco respostas, onde só existem perguntas.


Any R.

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