segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

' Se eu calar, me encha de palavras, me faça querer dizer outra e outra vez sobre você, sobre nós, e todo esse amor. (Caio F.)



Falando a lingua dos anjos, dos homens, a lingua dele, ainda sem amor, eu nada sou. Nada seria.
Mas do que isso importa pra você não é mesmo?
Cansei dos meus carmas, dessa velha historia de pseudos amores. Dessa desesperada ânsia de dizer o lhe vem a cabeça, sem ao menos antes verificar o coração.
O insignificante ganha destaque e tudo se quebra em pedaços.
Tantas vezes eu tento ignorar o mundo ao meu redor, mas ele se faz de entendido e logo arruma um novo jeito de me fazer ver que ele está irritantemente ao meu redor. Então porque existir dentro de mim já não me basta? Porque costurei minha vida a sua e vivo como se nunca antes tivesse sido esse pequeno pedaço de mim.

Any R.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

'Perder-se também é caminho.




Eu me perdi de mim, não sei como encontrar, não sei quando foi o momento, não sei como me trazer de volta. Não sei o que sou hoje, e muito menos no que poderei me tornar.
Tantas vezes parece que nada mudou, mas não passa de uma rotineira ilusão, pra firmar o que eu sou hoje na minha carne e me impossibilitar de voltar a ser o que falsamente ou verdadeiramente eu fui.

O que eu era, era o que sou?
O que sou, se remete ao que eu era?
E o que eu era? Porque não sou?
Não posso? Não devo?

A realidade me congelou por dentro, agora tudo que eu sinto, eu sinto pela razão. Pela razão de continuar sendo. De ter que ser assim.
Porque o tempo tem que correr, minha vida tem que correr, as mudanças correm, correm tão velozes, que eu perdi, perdi a mudança, perdi o momento, me perdi.

E tudo, parece não passar de um sonho. E por mais que ele se faça real eu quero continuar sonhando.
Any R.



{Ainda Sem Resposta}

Não sei mais escrever, perdi o jeito. Mas já vi muita coisa no mundo. Uma delas, e não das menos dolorosas, é ter visto bocas se abrirem para dizer ou talvez apenas balbuciar, e simplesmente não conseguirem. Então eu quereria às vezes dizer o que elas não puderam falar. Não sei mais escrever, porém o fato literário tornou-se aos poucos tão desimportante para mim que não saber escrever talvez seja exatamente o que me salvará da literatura.
O que é que se tornou importante para mim? No entanto, o que quer que seja, é através de literatura que poderá talvez se manifestar.


Clarice Lispector






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