Eu me perdi de mim, não sei como encontrar, não sei quando foi o momento, não sei como me trazer de volta. Não sei o que sou hoje, e muito menos no que poderei me tornar.
Tantas vezes parece que nada mudou, mas não passa de uma rotineira ilusão, pra firmar o que eu sou hoje na minha carne e me impossibilitar de voltar a ser o que falsamente ou verdadeiramente eu fui.
O que eu era, era o que sou?
O que sou, se remete ao que eu era?
E o que eu era? Porque não sou?
Não posso? Não devo?
A realidade me congelou por dentro, agora tudo que eu sinto, eu sinto pela razão. Pela razão de continuar sendo. De ter que ser assim.
Porque o tempo tem que correr, minha vida tem que correr, as mudanças correm, correm tão velozes, que eu perdi, perdi a mudança, perdi o momento, me perdi.
E tudo, parece não passar de um sonho. E por mais que ele se faça real eu quero continuar sonhando.
Any R.
{Ainda Sem Resposta}
Não sei mais escrever, perdi o jeito. Mas já vi muita coisa no mundo. Uma delas, e não das menos dolorosas, é ter visto bocas se abrirem para dizer ou talvez apenas balbuciar, e simplesmente não conseguirem. Então eu quereria às vezes dizer o que elas não puderam falar. Não sei mais escrever, porém o fato literário tornou-se aos poucos tão desimportante para mim que não saber escrever talvez seja exatamente o que me salvará da literatura.
O que é que se tornou importante para mim? No entanto, o que quer que seja, é através de literatura que poderá talvez se manifestar.
Clarice Lispector
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